terça-feira, 21 de julho de 2009

Homenagem a Corto Maltese




Com Corto Maltese, se escolhi o mar como ambiente do personagem foi talvez apenas porque era mais fácil de desenhar. Mas um marinheiro tem uma dimensão mais romântica do que um “cowboy”, porque ele vai para lá da linha do horizonte,à procura do que lá se encontra. Na pradaria, há as estrelas e a erva. Mas o mar tem qualquer coisa de diferente e foi assim que surgiu Corto Maltese.

Hugo Pratt


Hoje homenageio um grande “herói “ para mim... herói entre aspas.. porque não era isso que ele gostava de ser.. ele gostava de ser o vilão, ou falar isto, pois ele salvou e ajudou mais pessoas em suas viagens que os santos da época.


Com você aprendi muito... aprendi a arte de viajar..e conhecer o mundo e as pessoas..em suas diferenças... cada nuvem... cada gota do oceano que o vento faz bater no rosto, aprendi o significado da vida... em uma linda paisagem... mesmo a mais pequena e “sem graça”

Com você aprendi a rir.. e sentir prazer.. com coisas tão “simples” como uma mudança de paisagem... como observar as folhas caindo em uma tarde.. enquanto as nuvens de chuva se elevam ao longe..e a gente sente aquele ventinho gostoso.

Com você, eu fui a Europa.. a velha Albion.. com suas florestas e névoas... os castelos e mosteiros cheios de historia em seus corredores... os campos e cidades européias.. onde aconteceram os momentos mais gloriosos e terríveis da humanidade.

Com você eu fui na Àfrica..berço da humanidade... passear pelos desertos cheios de vida... conhecer as culturas mais antigas... os escritores.. que apoiados em suas arvores e rochas... embalados pela alegria e vida do povo... tornaram suas obras imortais.

Com você fui as Américas... sentir o sol forte nas praias tão lindas... navegar pelos grandes rios... e se perder nas florestas sem fim.. em busca de segredos e de civilizações... extintas?
Ou em busca... do eterno desejo humano por algo a mais..do que temos aqui...


Com você eu fui a Ásia... conhecer a calma e sabedoria dos templos budistas... as flroestas japonesas.. e seu povo tão polido.. com a honra dos samurais... que busca mais do que a tênue vida de uma pessoa..mais a lenda por todas as gerações... conheci a India de tantos rostos...

Naveguei por entre tempestades... as imensas ondas dos mares nas noites de tempestade.. quando você ouve aquele pequena pedaço de madeira.. estalando e rezando para não se quebrar no oceano tão imenso... até chegar aos confins do mundo.. no gelo eterno..(que hoje em dia nem é mais tão eterno assim)







“Sempre um pouco mais distante” como você eu busco isso na vida.. apesar de vosso criador, o genial Hugo Pratt ter dito:


“Quanto a Pratt, explicou assim o desaparecimento de Corto Maltese na obra de V. Mollica e M. Paganelli, PRATT (Editori del Grifo, 1980): num mundo onde tudo é electrónico, onde tudo é calculado e industrializado, não existe lugar para um tipo como Corto Maltese. Ele não aceita esse mundo, esta vida. Corto gosta de se afastar, nesta altura teve necessidade de se afastar e será justo, neste momento, deixá-lo partir, porque é um amigo e se ele não gosta de ficar connosco é porque terá as suas razões...Para Pratt, a guerra civil de Espanha é a última aventura romântica e é portanto forçosamente a ultima aventura possível para Corto Maltese.”

Quero provar o contrario disto.. que mesmo nos dias de hoje.. é possível.. termos uma vida tão romântica quanto ele teve.. mais do que isso..as novas gerações..tem paixão pela lenda... e pelo lirismo em seus corações..e buscam pelo mundo soluções.. para esta frieza cética que assola a existência.

Por isso levo minha vida como você corto, encontrando a felicidade.. em simplesmente olhar as folhas caindo de uma arvore numa linda tarde de outono... ou buscando a verdade no fundo dos olhos de um amigo...

Por tudo isto... sigo seu exemplo.. vivo como você viveu ou ao menos tento e hoje
neste humilde texto..tento homenagear.. a você.que me deu vida.. e a oportunidade (palavra mágica) de viajar e conhecer o mundo... e tento fazer as pessoas enxergarem.. como você.. segurando a mão de alguém amado e olhando o grande mar que um dia foi teu...



Um abraço velho Lobo do Mar...

4 comentários:

  1. Não conheço Corto Maltese, mas me pareceu ser um ótimo homem ^_^... Todos temos nossos heróis.Exemplos que gostaríamos de seguir, no intuito de sermos pessoas melhores... Quem sabe agora que li um pouco sobre Corto Maltese, não possa procurar por ele, para conhecê-lo um pouco?

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  2. Sou um grande fan de Corto, e gostei muito, me sinto da mesma forma.
    Muito legal.

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  3. Que Pena o Corto ter partido!

    No entanto, concordo que no mundo de hoje não haveria espaço para aventuras desse tipo. Há tanta informação disponível que raramente experimentamos um forte sentimento de curiosidade que possa nos mover a sair do marasmo.

    Perdas e ganhos da pós modernidade! =*

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  4. Corto é um grande homem, sem dúvida.. homem, pois diferentemente dos heróis q estamos acostumados, ele é humano. Humanamente humana, física e espiritualmente. Tem seus momentos de fraqueza e força, e por isso é tão admirado: por ser iguais a nós. Ele nunca irá embora, pois como vc mesmo disse: "as novas gerações..tem paixão pela lenda... e pelo lirismo em seus corações..e buscam pelo mundo soluções.. para esta frieza cética que assola a existência."
    Por esta razão ele nunca será esquecido, apesar de achar realmente que não há lugar no mundo atual para uma pessoa como ele. Não no mundo em que vivemos. Ele pode não ter mais aventuras, mas isso nunca fará este "cavalheiro da fortuna", abandonar nossos sonhos, e corações

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